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domingo, 13 de setembro de 2015

Cachoeira Fumacinha (por baixo) - Chapada Diamantina - sem guia



Cachoeira da Fumacinha (por baixo) - sem guia


Uma trilha díficil para um dos tesouros do Brasil
____________________________________________________________________
Duração: 10 horas
Gastos (por pessoa) : Custo com aluguel do carro e gasolina
Trilhas (distância total - ida + volta) : 12,72 + 2,84km
Dificuldade nível: dificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.pngdificuldade_min.png(Difícil)
Atrativos : Cachoeira Fumacinha + 3 poços intermediários





Leia também:


1.Introdução
A Fumacinha é uma imponente cachoeira que fica dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Trilha não muito longa mas com dificuldade física elevada, pouca ou nenhuma sinalização e com logística que exige planejamento.

Este artigo vai dar todos os passos e dicas pra voce planejar o seu passeio pra maximizar as suas chances de alcançar  esse que consideramos um dos maiores desafios dentro da Chapada Diamantina.

Por alguma razão desenhamos este artigo num formato diferente do usual, porque achamos que as dúvidas sobre muitas questões dominam informações sobre esse passeio. Esperemos que gostem do artigo estilo FAQ.

A trilha da Fumacinha sem guia é recomendada apenas para trilheiros experientes.

Este artigo tem as seguintes seções:
1.Introdução
2.Atrativos
3.Ibicoara, Brejão, Baixão e Buracão
4.Baixão, a bucólica vila que guarda a Fumacinha
4.1.Estrutura
5.Os 10 Mandamentos para Fazer a Trilha da Fumacinha
6.O que você precisa fazer antes do dia da trilha?
6.1.Chegar ao sul da Chapada
6.2.Alugar um carro
6.3.Decida se vai dormir em Ibicoara ou em Baixão
7.Chegando em Baixão - o que fazer e como chegar
7.1.Estrada Ibicoara → Baixão x Estrada Ibicoara → Buracão
7.2.Como reservar estadia em Baixão?
7.3.Quando chegar e o que fazer quando chegar em Baixão?
7.4.Onde ficar em Baixão?
7.5.Onde deixar o carro durante a trilha?
8.Mapa
9.Trilha
9.1.Quanto tempo demora a trilha?
9.2.Com guia ou sem guia?
9.3.Não é obrigatório entrar com Guia?
9.4.Com GPS esta trilha está no papo?
9.5.Riscos da Trilha de Fumacinha
9.6.Qual é a real distância da trilha?
9.7.Preço pra se fazer a Trilha
9.8.Ficha Técnica da trilha
9.9.Descritivo da trilha
9.10.Tabela DTE: (distância-tempo-elevação) - por parte
9.11.Gráfico de Elevação
9.12.Pontos de Referência
9.13.Linha de Tempo do Passeio
9.14.Campings em Baixão?
9.15.As Pouco Faladas Cachoeiras no Meio do Caminho
9.15.1.Poço da Pedra Lascada (ou Rachada)
9.15.2.Cachoeira da Cachorra
9.15.3.Cachoeira do Encontro
10.Comparativo Fumacinha x Buracão
11.Informações Insistentemente repetidas e equivocadas sobre Fumacinha na Internet
12.FAQ
13.Dicas
14.Desambiguação
15.Downloads de mapas
16.Fontes e Referências
17.Relato, Fotos e Vídeos

2.Atrativos
Cachoeira da Fumacinha
  Cachoeira com grande vazão de água, dentro de um estreitíssimo canion, local inóspito e intocado. Sem dúvida alguma um dos lugares mais bonitos e imponentes de toda a Chapada Diamantina









Poço da Pedra Lascada, Cachoeira da Cachorra e Cachoeira do Encontro
3 belos poços com quedas pequenas, mas fortes, no meio da trilha de Fumacinha







3.Ibicoara, Brejão, Baixão e Buracão
Ibicoara é o município mais próximo do início da trilha para a Fumacinha, mas não é o melhor lugar base para fazê-la.

O Baixão é a porta de entrada para esta temível trilha, a vila de apenas 30 habitantes fica a 1km do início da trilha e é o local mais indicado.

Brejão é também uma minúscula vila que fica a cerca de 5,25km de Baixão (antes) - é apenas um ponto de passagem, local de emergência pra pedir alguma informação qualquer.

Já, Buracão não é um local onde se pode ficar, pois a cachoeira fica dentro de um parque onde não é permitido pernoitar, mas a proximidade dessa cachoeira pode ajudar em sua logística, como nos ajudou, e explicaremos nas seções a seguir.

4.Baixão, a bucólica vila que guarda a Fumacinha
Baixão é um vilarejo, distrito do Município de Ibicoara, com apenas 30 habitantes e é um vilarejo fim da linha. Você sai pelo mesmo lado que entrou, pois pra frente só tem a trilha pra Fumacinha. Privilegiada por uma vista linda da Chapada, canion que protege a cachoeira.

4.1.Estrutura
Quase nenhuma. Alguns nativos (2 ou 3) oferecem estadia e comida, o que é uma excelente opção pra se incluir em sua logística. Obviamente não há bancos nem mercados, apenas uma vendinha minúscula com o básico do básico (não conte com ela).

Baixão adormece as 19h.

Não há sinal de celular, nem telefone fixo muito menos internet por aqui. Esteja preparado pra se desligar do mundo.

Baixão é nome de dois pequenos locais relativamente próximos um do outro, podendo causar muita confusão. Veja seção “Desambiguação”

5.Os 10 Mandamentos para Fazer a Trilha da Fumacinha
1.Você precisa planejar
Fumacinha é um passeio difícil, não só no critério físico/técnico, mas também no critério logística. Voce deve planejar quando e como chegar a Ibicoara / Baixão a fim de evitar gastos ou desperdícios de tempo.

2.Lembre com carinho dos supermercados de Ibicoara
Ibicoara é sua ultima fronteira pra comprar sua comida para o dia D. Em Baixão tem até uma vendinha, mas ela é super básica, apenas pra algum aditivo emergencial de última hora: como um biscoito esquisito ou uma garrafa de água (até que desnecessária).

Então planeje em Ibicoara o seu estômago do dia posterior.

3.Durma cedinho, durma cedinho em Baixão
Primeiro que Baixão dorme cedo, nem luz elétrica tem direito por lá. Segundo que  dormindo bem cedo, você acorda as 6 (ou quem sabe antes?) pra maximizar sua chance de sucesso e/ou permanência vislumbrando a intocável Fumacinha, maximizando a utilização da luz do sol.

4.O rio não quer que você chegue lá
Tenha em mente que vai haver passagens que parecem impossíveis. Não são, mas parecem.

5.Seus pés são reis no dia da véspera
Cuide bem dos seus pés. Você vai usá-los pele a pedra no outro dia em quase toda a trilha. Trate-os bem.

6.Pés descalços, pé no chão
O melhor jeito de encarar o rio da Fumacinha é descalço, pra sentir bem a aderência nas pedras. Se estiver chovendo, este mandamento vale por 3.

7.Honre nossos antepassados: use as mãos como pés
Não queira dar uma de fodão: use suas mãos o tanto que puder. Além de fazer um belo exercício por todo o corpo, vai te ajudar muito a dividir o esforço  dos pés com o resto do corpo, e vai minimizar os seus tombos (quase certos).

8.Sempre sempre à direita, mas com uma exceção
Antes de começar a parte no leito do rio: uma bifurcação à direita: fique atento!
Depois que estiver no leito do rio, algumas passagens por grandes poços, quase sempre a direita.

A grande exceção é a bifurcação Y marcada no mapa. aí é esquerda! (não se esqueça)
9.Algumas pedras são invisíveis
Uma famosa passagem ainda no primeiro terço da trilha, chamada de poço da pedra rachada, dependendo do nível de água do rio, esconde algumas pedras na parte direita, fazendo parecer a passagem impossível.
10.Não deixe a Fumacinha te fazer esquecer do pôr do sol
Anote o horário de início da trilha. Anote o horário de chegada em Fumacinha. Faça as contas pra chegar as 18h em Baixão. Esse é o limite para dizer tchau ao sol.

6.O que você precisa fazer antes do dia da trilha?
6.1.Chegar ao sul da Chapada
A primeira coisa a fazer pra conhecer Fumacinha é arrumar a sua logística para se acomodar no sul da Chapada Diamantina.

Se você é marinheiro de primeira viagem da Chapada Diamantina, pode ficar desnorteado do que fazer. Pesquisas no google vão te levar prioritariamente para Lençóis. E agências lá oferecem o passeio de Fumacinha, ou principalmente, Buracão - a preços proibitivos, porque Lençois está muito longe do início da trilha de Fumacinha.

Lençóis não é o seu destino. Ibicoara é a sua base (pelo menos a inicial).

Muito provavelmente, se você não é da Bahia, você  vai fazer mais passeios além de Fumacinha, então a programação de todos os dias depende dos seus outros passeios. Mas rumar para Ibicoara é uma boa forma de assentar a bunda em algum lugar pra se preparar pra ir pra Fumacinha.

6.2.Alugar um carro
Você vai precisar, a não ser que queira gastar uma fortuna pagando agências de desde Lençóis ou tenha muito tempo livre pra esperar ônibus ou caronas na parte sul da Chapada. Pelo menos até o momento de nossa visita por lá (Jun/15) não existem ônibus que levem até Ibicoara ou mesmo Baixão (que é o vilarejo onde a trilha se inicia).

O ideal, se você vai passar alguns dias na Chapada, é alugar um carro em Salvador e rumar pra Ibicoara ou Baixão.


6.3.Decida se vai dormir em Ibicoara ou em Baixão
Essa é uma decisão importante: sinceramente, não vemos vantagem alguma em dormir em Ibicoara ao invés de em Baixão - a não ser que você vá com guia, pois aí ficaria mais caro o guia te acompanhar no dia anterior e dormir lá também.

Em Baixão você tem possibilidade de dormir na casa de algum nativo que oferece isso (2 ou 3 nativos oferecem aposentos pra você dormir). Se você for num grupo muito grande, saiba que possivelmente não vai ter lugar pra todo mundo.

Caso não haja lugar pode acampar em algum cantinho qualquer do vilarejo e pedir água pra algum nativo.

Uma terceira opção é dormir no camping que existe bem no início a trilha. A vantagem desta opção é que  vai ganha tempo no dia D (desde que desmonte a barraca rapido). Apreentamos a seguir um quadro com resumo dessas informações:



Dormir em Ibicoara
Dormir na casa de um nativo de Baixão
Dormir no camping no inicinho da trilha de Fumacinha
Vantagens
*Mais opções de pousada
*Maior comodidade na noite da véspera
*Mais comodo que dormir no camping
*Bem próximo do início da trilha
*Ganho de tempo por já estar no inicio da trilha.
*O mais barato
Desvantagens
*Vai perder 1h de luz do sol fazendo a estrada de terra de Ibicoara até Baixão
*Opção não é boa pra grupos grandes, pois casas oferecidas podem não comportar muita gente
*Dependendo do seu poder de barganha, pode ficar relativamente caro. Depende do nativo
*O menos cômodo das 3 opções
*Necessário chegar antes do fim da tarde em Baixão pra iniciar a trilha e achar o camping antes do sol se por no dia anterior.
Riscos
Atrasar na saída de Ibicoara e comprometer o horario disponivel para a trilha
*pode acontecer de você chegar em Baixão e não encontrar algum nativo que ceda espaço pra você domrir, nesse caso vai ter que partir pro camping

Maior Comodidade
star_mini.png


Mais barato


star_mini.png
Maior Agilidade p/ trilha


star_mini.png

Nossa Recomendação:
estrela_min.png - apesar de não ganhar nenhum podium em nenhum dos 3 quesitos, na verdade é exatamente por isso: é a opção mais equilibrada das 3: está do lado da trilha e ao mesmo tempo você vai ter uma boa noite de sono (dormir em cama ao invés de em barraca)  sem ter que se preocupar com camping e janta no dia anterior.
Além do mais vai ter o café da manhã pronto. É questionável que no camping você ganhe muito mais tempo.

7.Chegando em Baixão - o que fazer e como chegar
7.1.Estrada Ibicoara → Baixão x Estrada Ibicoara → Buracão
Independente da escolha que tomar para dormir na véspera, vai ter que encarar a estrada que leva até Baixão.

Trata-se de uma estrada em boas condições, sem nenhum agravante. Apenas não corra na estrada, pois ter alguns buracos eventuais. Não existem placas então é possível errar em algums pontos. O ideal é perguntar antes de sair de Ibicoara ou vá perguntando em algumas pousadas intermediárias.

Não é dificil. São poucas bifurcacções.

A estrada que liga Ibicoara à Baixão e a estrada que liga Ibicoara à Buracão tem uma grande trecho em comum.  Por essa razão, é uma excelente pedida fazer um combinado de Buracão (dia 1) + Fumacinha (dia 2). Dessa forma você sai do Parque de Buracão e vai direto pra Baixão ,poupando um grande trecho de estrada de terra caso vá fazer os dois passeios numa mesma viagem.


Origem
Destino
Meio
regua_mini.png
dinheiro_mini.png
ampulheta_mini.png
Ibicoara
Baixão
jipe_min.png
27,5km
[1]
30min



7.2.Como reservar estadia em Baixão?
Baixão não tem internet nem telefone celular nem telefone fixo. Ou seja, não dá pra reservar sua estadia por lá. Se estiver planejando sua viagem com bastante antecedência, pode tentar entrar em contato com guias de Ibicoara que tem contato com nativos de Baixão e , quem sabe, conseguir reservar sua estadia por lá. Mas faça com antecedência,caso contrário, vai ter que ir na sorte.
Existe um contato famoso (nós não fizemos esse contato) bastante comentado na internet, que é a Associação Bicho do Mato (procure no google)

7.3.Quando chegar e o que fazer quando chegar em Baixão?
Caso não tenha conseguido reservar, vá preparado pro pior caso:acampar por lá (leve barraca e fogareiro), mas calma, que muito provavelmente vai achar algum nativo que oferece estadia sim. Se você não reservou, planeje sua chegada cedo em Baixão, de preferência antes do sol cair, assim vai ter tempo de caçar algum nativo (ainda acordado) pra negociar sua estadia.

Se chegar de noite, a cidadezinha não tem luz elétrica nas ruas e as pessoas dormem cedo. Daí, grandes chances de só restar o camping como alternativa.

De qualquer jeito, a vila tem 30 moradores. É fácil encontrar direções pras casas que oferecem estadia.

7.4.Onde ficar em Baixão?
A Casa da Dona Bia
Nós ficamos na casa da Dona Bia, e recomendamos. Não chegamo na sorte. Em Ibicoara o Guia ‘Tote’ nos recomenou a Bia e falou para a procurarmos lá. Tote foi muito simpático, recomendamos esse guia. Chegamos na sexta.  No sábado, no dia da trilha, ela pegou ônibus para Ibicoara. Note então que ela não ficou o fim de semana em Ibicoara (demos sorte quanto ao dia de encontrá-la lá). Mas tem mais nativos que oferecem estadia.

Na casa da Bia fechamos um preço favorável, sendo que foram oferecidos dois quartos com camas confortáveis e mosquiteiras, apenas isso nos quartos. Há tomadas. Banheiro com água quente, janta e cafés da manhã incluídos no pacote!

O valor do “pacote” é a combinar com a Dona Bia.

7.5.Onde deixar o carro durante a trilha?
Dizem as más línguas que se for parar o carro na boca da trilha, o senhor dono da porteira que demarca o ponto inicial da trilha cobra uma taxa de R$10,00 (info dada por Dona Bia, em Jun/15).

Caso você tenha dormido na casa de um nativo, ele deixará tranquilamente que você deixe o carro no quintal de sua casa (nós fizemos assim). De qualquer forma, a vila tem 30 habitantes, e fica isolada do mundo. Pode ser que você consiga algum cantinho sem pagar nada, ou pedir pra algum morador pra deixar o carro enquanto faz a trilha.

O vilarejo fica a 1,42 km do ponto inicial da trilha. Você pode conseguir parar o carro em algum ponto do vilarejo e andar esses 1,42 km do início da trilha.




8.Mapa
Importante -
Os pontos dos 3 poços intermediários: Pedra Lascada, Cachorra e Encontro são estimados.Isso ocorre devido ao fato de que nosso gps se perdeu no meio da trilha. De qualquer forma, é claro que tudo fica sobre o leito do rio. Apenas informamos pra que fique claro que esses pontos podem estar com a localização um pouo deslocada. Nossa estimativa foi de acordo com fotos e pontos relativos marcados pelo GPS.
Legenda_trechos.png




9.Trilha
9.1.Quanto tempo demora a trilha?
Já vimos relatos de pessoas que fizeram a ida em 1h30min. em 3h. Em 5h. A verdade é que pode variar dadas as segintes condições:

  • Sua experiência
  • Chuva ou não
  • Sorte

Com experiência:
Se chover vai fazer em 5h ou um pouco menos. O fator sorte se deve a alguns pontos onde é impossível saber de antemão se se passa pelo rio margeando a esquerda ou direita. E nem sempre dá pra passar pelos dois lados. Acontece de você escolher um lado e só depois de 10 mintuos descobrir que não dá. Tem que voltar e tentar pelo outro lado. Esses pequenos erros impactam no tempo total de trilha.

Sem experiência, não recomendamos fazer sem guia.

Estimamos que errando todos os unidunites de passagens dificeis você gaste 40 minutos adicionais com esses erros. 

Nós? Achamos que íamos tirar de letra fazendo em 3h. Fizemos em 5h. :D

Atenção: 5h só de ida

9.2.Com guia ou sem guia?
Você tem experiências em trilhas? Se a resposta é não, guia é obrigatório.
Mesmo com experiência, contratar guia ou não  é algo a se pensar: tenha em mente que sem guia, mesmo com experiência, é possível fracassar, dependendo da sua velocidade.

9.3.Não é obrigatório entrar com Guia?
Essa dúvida pode surgir pois há passeios na chapada onde o guia é obrigatório. A Cachoeira Buracão, que fica próxima, por exemplo, fica dentro de um parque que obriga que você contrate guia.

Já houve casos de pessoas que tentaram fazer Fumacinha por conta própria e foram barrados pelo “dono da porteira”. Porém, atualmente, ao que parece, a trilha está livre e liberada. Não é obrigatório o guia. A trilha é livre.

9.4.Com GPS esta trilha está no papo?
Certamente não.
O GPS não vai te ajudar na micro-localização, característica  necessária e forte desta trilha. Em 4 ou 5 momentos críticos é preciso saber em que pedra pisar pra seguir viagem. O seu GPS não vai conseguir te dar essa micro-locaização, mesmo porque você estará dentro de um canion, prepara-se pro seu GPS ficar um pocuo perdido. Esperamos ajudar no descritivo da trilha (seção mais a frente).

9.5.Riscos da Trilha de Fumacinha
Basicamente:
  • Cobras
São muito comuns na Chapada Diamantina. Ande atento.

  • Tromba d’água
Trombas d´água sempre podem acontecer em qualquer leito. Na trilha da Fumacinha são 3,75km andando sobre o leito do rio. A chance de ocorre ruma tromba dagua justo num ponto onde ela poderia ser fatal é baixa, mas existe.

  • Perder a hora
A fome de chegar pode ficar grande justamente quando falta pouco mas já está tarde. Nesse caso, esteja preparado para o sol se pôr. Leve lanterna.

9.6.Qual é a real distância da trilha?
É muito comum ver informações divergentes ou ambiguas, principalmente para trilhas ainda pouco documentadas. É o caso da Fumacinha.

A trilha da Fumacinha tem:
  • 12,72km no total, dos quais:
    • 6,36km de ida + 6,36 de volta.  E do trecho de ida:
      • 3,61km em trilha simples + 3,75km sobre o leito do rio

Se você começar a andar de desde a vilinha de Baixão, acrescente + 1,42km (ida) + 1,42km (volta)

Total: 12,72km ou 15,56km (sendo 7,5km sobre leito do rio).

9.7.Preço pra se fazer a Trilha
Atualmente (Set/2015) esta trilha é livre e não é cobrada. Grátis.



9.8.Ficha Técnica da trilha
Nível
Trilha da Fumacinha
Atração Principal:
Cachoeira Fumacinhacachoeira_min.png
Dificuldade técnica  
vetorvermelho_mini.png
Dificuldade física
vetorvermelho_mini.png
Sombra na trilha
vetoramarelo_mini.png
Obstáculos / Dificuldade
Passagens difíceis pelo leito do rio
Passagem por rio
Sim
Distância Total Mínima**
12,72km
Duração (da trilha, ida+ descanso + volta)
10h
Preço
R$0,00
Elevação - ganho (só na ida, na trilha)
560m
Elevação - perda (só na ida, na trilha)
200
Orientação
Trilha da Fumacinha
Estado de Conservação da trilha
curtirMuito3.png
Sinalização da Trilha
descurtirMuito_min.png
Pontos de Água
vetorverde_mini.png (não precisa levar)
Tipo de Trilha
oneWay_mini.png
Precisa de Guia ou GPS?
vetoramarelo_mini.png (talvez)
*O preço se refere apenas a parte da trilha (parque, propriedade particular, etc. Não inclui preço da logística).


9.9.Descritivo da trilha
Parte 1 - de Baixão até a porteira - hiking_amarelo_mini.png fácil - Distância: 1,42km - Tempo: 20 min
Obs: se você dormiu no camping de Baixão, pule esta parte (já feita)
  • Trecho fácil.
  • É só seguir reto na estrada de Baixão em direão ao Canion.
  • Existe placa indicando o início da trilha de fato.
Dia completamente nublado - saindo de Baixão em direção a trilha

Molhados de chuva - no ponto inicial da trilha - é onde tem essa plaquinha de caldo de cana


Parte 2 - Trilha fora do leito do rio ainda - hiking_amarelo_mini.png fácil - Distância: 2,18km - Tempo: 30 min
  • A trilha de fato começa na porteira com a foto mostrada anteriormente.
  • É só seguir a parte mais batida sempre, trilha tranquila.
  • Vai passar por 2 locais bons pra camping, e sempre próximo ao rio.
  • Trecho agradável.
    Passagem do rio - demarcando o fim da parte fácil da trilha - se chover, é possível ficar ilhado do outro lado.


Parte 3 - Leito do Rio até Bifurcacação Y - hiking_trilha_mini.pngDifícil - Distância: 2,76km - Tempo: 2h
  • Depois da trilha de fato, atravessa-se o rio e tem ainda mais um pouquinho de trilha sem ser no leito do rio. Mas são só 460m de trilha assim.
  • Encontrado o rio pela segunda vez, é nele até o fim.
  • Depois de 1,28km sobre o leito do rio passa-se por um dos trechos mais difíceis da trilha: A Pedra Lascada. (veja vídeo) É um poço grande que parece intransponível. Passe pela direita
  • Na dúvida, vá sempre pela direita.
    Poço da Pedra Lascada (ou Rachada) - Pela esquerda parece ser mais fácil, mas não dá pra passar. E pela direita parece ser impossível, mas É pela direita.

    Passando o Poço da Pedra Lascada pela direita, agachando e pisando nas pedras invísiveis.

    Passagem na Pedra Lascada - pode causar um pouco de tensão, pois é preciso se segurar bem, mas apesar de parecer impossível a primeira vista, a passagem é simples. Só ir com calma.

    Foto tirada logo depois da passagem pela Pedra Lascada. Isso é logo depois do paredão de pedras da direita. Nesse ponto há uma corda para ajudar a subir, aí bem ao lado da quedinha do poço.

    Grupo com guia passando pela passagem da Pedra Lascada - essa foto é olhando pra trás, durante a ida. Eles estão vindo até nós. Logo a frente das pessoas na foto estão as pedras submersas que só quem conhece bem é que sabe que elas estão lá pra ajudar. Agora você também sabe.
     
    Foto ttirada na trilha na volta - descendo o rio - Essa parte é o início da passagem de volta na Pedra Lascada - tem uma corda pra ajudar aí


    Detalhes da corda ajudando na passagem próximo as pedras submersas invisíveis

    Detalhe das pedras submersas!! Imprescindiveis para passar

Parte 4 - Bifurcação Y até Fumacinha - hiking_trilha_mini.pngDifícil - Distância: 1,47km - Tempo: 1h30min
  • Ligue o motor reserva. Vai precisar.
  • Na bifurcação Y, vire à esquerda!
  • Neste trecho você vai encarar dois grande poços. Passe pela direita
  • O segundo tem uma passagem dificil, pode parecer impossivel pra quem é baixo, mas dá pra fazer. (fizemos um vídeo dessa passagem)
    Poço da Cachorra e a passagem mais difícil e critica da trilha - à direita também. Exige calma





9.10.Tabela DTE: (distância-tempo-elevação) - por parte
Esta tabela é bem parecida a tabela de linha do tempo, mas ela é mais focada nos trechos das trilhas.
Além disso ela mostra as informações de elevações ganhas (subidas) e elevações perdidas  (descidas) durante a trilha.
Parte
Tipo de Trilha
relogio_mini.png
dificuldade_min.png (km)
1- Baixão até a porteira
hiking_amarelo_mini.png
20min
1,42
2- Trilha Fora do Leito do Rio Ainda
hiking_amarelo_mini.png
30min
2,18
3 - Leito do Rio até Bifurcação  Y
hiking_trilha_mini.png
2h
2,76
4 - Bifurcação Y até Fumacinha
hiking_trilha_mini.png
1h30min
1,47
Total
hiking_trilha_mini.png
4h20min
7,83
*A tabela DTE mostra as distâncias, tempos e elevações (perdas e ganhos) durante cada parte da trilha.
*As partes são definidas por convenção. Não existe divisão real entre elas.
*Os tempos determinados são o tempo o gasto apenas no tempo REALIZANDO o trecho, não conta com paradas entre cada trecho. Conta sim com pequenas possíveis paradas durante o trecho, mas nenhuma parada significativa.
*Os pontos inicial e final estão marcados no mapa disponibilizado neste post.
O tempo determinado é apenas uma referência.
*Não está contabilizado nessa distância o trecho entre as duas quedas. Aumente uns 600m no passeio, arrendondamos para 10km, praticamente o  total-total que vc vai andar.



9.11.Gráfico de Elevação


9.12.Pontos de Referência


Ponto
Distância percorrida (km)
Observação
hotel_mini.png
Casa da Bia (Baixão)
0
É apenas uma referência. Pode ser em qualquer ponto de Baixão

Porteira - Início da Trilha
1,42km
Aqui a trilha se inicia de fato -
camping_mini.png
Camping 1
2,64km
camping_mini.png
Camping 2
2,88km
quad_mini.png
Bifurcação T - a direita
3,59km
É muito fácil passar batido neste opnto. Fique atento!

Travessia do Rio
3,60km
Com o rio em nivel normal é tranquilo, mas tem que molhar os pés.

Encontro com o Rio
4,12km
Aqui começa o trecho sobre o leito do rio. Seguir sempre no leito, pela sua direita.

Mini-Trilha - Inicio
4,36km
No começo do leito ainda há alguns pedacinhos de trilha pela margem direita. Mas duram pouco
quad_mini.png
rio_mini.png
Poço da Pedra Lascada (ou Rachada)
5,33km
Se for fazer um passeio de 2 dias ou estiver com o tempo muito bom, este é um ótimo ponto pra parar. Poço gostoso.

A passagem é quase invisível. Pela direita, passar pelas rochas, agachando e pisando nas pedras subermsas. Ao fim do poço tem uma corda pra ajudar.

Ponto difícil.
quad_mini.png
Bifurcacação Y
6,30km
Passagem fácil, mas quem não souber o lado certo pode errar. Ir para à esquerda.
rio_mini.png
Poço da Cachorra (ou do Encontro)
6,59km
Mais um belo poço pra se parar caso haja tempo. (só recomendado se fizer em 2 dias).

Passar pela direita, sem problemas.
quad_mini.png
rio_mini.png
Poço da Cachorra (ou do encontro)
7,03km
Segunda parte mais difícil da trilha. Pela direita, há uma passagem um pouco perigosa, de escalada de um nível. (não precisa de corda, mas tem que tomar cuidado).

Fumacinha
7,78km

*A tabela pontos de refêrencia mostra os pontos que nós marcamos e achamos que são bons marcos para você se referenciar durante a trilha.
*A distância em km é cumulativa, isto é, a quilometragem atribuída a um ponto mostra quantos km você andou, até então, na trilha, ao chegar em tal ponto.
9.13.Linha de Tempo do Passeio
Mostramos a tabela a partir do dia 0 (dia da véspera).

Dia
Horário
Tipo
Nome do Evento
dinheiro_mini.png
regua_mini.png
0
15:00 - 16:00
jipe_min.png
Estrada Ibicoara → Baixão
[1]
27,5km
0
16:00 - 17:00
police_mini.png
Negociação e acomodação em Baixão
[2]
-
0
17:00 - 06:00
hotel_mini.png
Descanso
-
-
1
06:00 - 07:00
restaurant_mini.png
Café da manhã e últimas preparações
-
-
1
07:00 - 11:30
hiking_trilha_mini.png
Trilha de Baixão até Fumacinha
-
7,78km
1
11:30 - 13:00
cachoeira_min.png
Fumacinha
-
-
1
13:00 - 18:00
hiking_trilha_mini.png
Volta para Baixão
-
7,78km
1
18:00 - 19:00
jipe_min.png
Estrada Baixão → Ibicoara
[1]
27,5km
*Esta tabela é uma simulação, onde escolhemos a logística de nossa preferência e onde colocamos um tempo médio para os eventos.
*A duração dos eventos pode variar, dependendo das condições.
*(?) Dúvidas sobre esta tabela e seus ícones? Clique aqui
[1] - preço da gasolina
[2] - Preço a combinar em Baixão


9.14.Campings em Baixão?
Uma dúvida difícil de sanar pesquisando dados na internet é a respeito de campings na região de Fumacinha. Não existem campings com estrutura em Baixão (pelo menos não que tenhamos tido notícia). Mas existem duas áreas propícias a realizar camping selvagem que inclusive, ao que parece, são as regiões que o Guia João cita em seu famoso site de Ibicoara (ver Fontes e Referências)

Sâo duas áreas com alguma clareira pra se armar barracas, e essas duas áreas ficam bem próximas uma das outras, com capacidade pra muitas barracas.

As duas áreas ficam nos 2 primeiros quilômetros  da trilha para Fumacinha.
Área de Camping "Boticário", primeira área que você vai ver, e no início da trilha

Área de Camping o Boticário - o rio está ao lado direito

Segunda Área de Camping - não entendemos muito bem essas pedras todas visivelmente colocadas por mãos humanas, porém.

Obs: Em algum lugar pelo leito do rio, diz-se que tem um lugar pra acampar… não sabemos onde é.

9.15.As Pouco Faladas Cachoeiras no Meio do Caminho
(em ordem [quase] cronológica)

9.15.1.Poço da Pedra Lascada (ou Rachada)
É a primeira parte crítica da trilha. Difícil de energar a passagem, apesar disso a passagem não é tão complicada quando se sabe onde pisar. (pela direita).

O poço é grande. É onde tem uma corda pra ajudar na quedinha do poço.

9.15.2.Cachoeira da Cachorra
Não sei precisar se a Cachorra ou a do Encontro que vme primeiro. Nós estávamos com o tempo tão estourados que passamos, infelizmente, batidos por essas duas cachoeiras. ACreditamos que primeiro vem a Cachorra, e depois a do Encontro. Uma delas é a que tem a segunda passagem crítica com uma escalada de 1 nível.

9.15.3.Cachoeira do Encontro
Alguns sites citam esta cachoeira. Se não nos enganamos, é aqui que tem a subida crítica escalada níve 1. É uma cachoeira bonita e forte, com um poço ótimo!

Um Importante Adendo
Infelizmente os registros da Cachoeira da Cachorra e do Encontro ficaram prejudicado. E é importante dizer que os pontos referentes a esses dois pontos podem não estar exatos no mapa. O nosso gps não marcou essa parte da trilha (ficou louco) então nós apenas estimamos. Sabemos dizer apenas que os dois estão após a Bifurcacação Y.

Também pode haver alguma confusão de nossa parte nas fotos postadas sobre a Cachoeira da Cachorra. Não consigo me lembrar qual vem primeiro. Mas o segundo poço (depois da Bifurcação Y) é que é o dificil.


10.Comparativo Fumacinha x Buracão
Quesito
Fumacinha
Buracão
Altura[1]
100m
85m
Tem trilha para o topo da queda?
x_mini.png[3]
check_mini.png
Queda livre ou Corredeira?
Livre
Livre
Ficabilidade debaixo da Queda
descurtirMuito_min.png[1]
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Ficabilidade no Local
medio.png[2]
medio.png[2]
Comprimento x Largura do Poço
40mx20m
40mx40mstar_mini.png
Profundidade do Poço
Muito fundo
Muito fundo
Nadabilidade
curtirMuito3.png
curtirMuito3.pngcurtirMuito3.png
Pulabilidade
descurtirMuito_min.png
curtirMuito3.png
Sol no Poço
x_mini.png[4]
medio.png
Capacidade de Pessoas
5
30
*Medida da altura obtida na internet. Não garantimos a info.
*Dimensões do poço medido por aproximação, (Largura x Comprimento x Profundidade).
[1] - A queda é muito forte, não conseguimos chegar debaixo dela. Mas pode ser porque no dia anterior choveu, e o dia estava chuvoso. Talvez em dias mais tranquilos seja melhor de ir debaixo dela.
[2] - São ambas cachoeiras maravilhosas, mas ambas são meio que inóspitas. Não oferecem locais super confortáveis pra se ficar admirando-as. Nas duas se sente frio, pois bate pouco sol. Em Buracão a forte queda te deixa quase sempre molhado. Já em Fumacinha não há sol e há poucos lugares pra se ficar vislumbrando ela bem de perto além do que a própria trilha te impede de ficar muito tempo por lá.
[3] - Dá pra fazer, mas não com trilha acessível.
[4] - Dizem as más línguas que em apenas um dia do ano, durante apenas 5 minutos do dia o sol bate no poço de Fumacinha. Alguém descobriu que dia é?

11.Informações Insistentemente repetidas e equivocadas sobre Fumacinha na Internet
Guia é obrigatório para Fumacinha!
Mito!
Alguns sites comentam isso, e talvez seja porque em um passado recente realmente era exigido um guia. Não é mais. A trilha é livre e acessível a qualquer um.

O guia não ser obrigatório não quer dizer que você não precise de um. Essa é uma trilha difícil e há riscos. Mas é possível fazer sozinho. Nós sobrevivemos!

A trilha de Fumacinha tem 9km só de ida.
Mito!
Não dá pra entender como uma informação tão simples é errada tantas vezes. A trilha tem, como já dito, 6,36km de ida (descontados os 1,42m entre o centro de Baixão e o início da trilha de fato). Mesmo com esse trecho daria 7,78km, e não 9km.

A Cachoeira da Fumacinha tem 290m de altura!
Parcialmente mito
De fato a Fumacinha completa é muito alta, mas nós, dos Caçadores, consideramos apenas a parte visivel das cachoeiras. A parte visível tem, segundo os sites, 100m. 290m é contando as partes não visiveis a partir de sua base.

12.FAQ
Já respondemos essas perguntas durante o artigo, mas pra reforçar, e talvez com um outro enfoque, seguem perguntas clássicas para este passeio.

É obrigatório contratar guia pra essa trilha?
Não é. A entrada é livre, não se paga nada. Mas tenha em mente que não é uma trilha fácil: tanto no quesito dificuldade física quanto no quesito navegação. Há alguns pontos críticos que é dificil ver onde é melhor e mais fácil passar (isso sobre o leito do rio mesmo) e que o guia vai saber de cor cada pedrinha que vocÊ vai passar. Se você for sozinho, vai acontecer em alguns casos que você vai investir em uma passagem, vai errar, tem que voltar um pouco e tentar novamente. Não é que há caminhos que se perde muuuuuito tempo, é coisa de minutos. Mas somando todos os minutinhos que você perder em investidas erradas dá algum tempo considerável. Estimamos uma perda de 30 a 40 minutos investindo em caminhos errados.

Ah, mas se eu estiver com GPS tiro de letra! Não perco nenhum minuto.
Não é bem assim. Para a parte fora do leito do rio até que sim. Mas uma vez que você estiver subindo o leito do rio - que é a maioria da trilha - o GPS não ajuda tanto assim. É porque no leito do rio você precisa de uma micro-localização muuuito específica que o GPS não vai conseguir te dar, ainda mais que você vai estar dentro de um canion, e aí a precisão do seu GPS não vai ser micro-precisa. As vezes, 2 a 5 metros pra direita ou esquerda vão fazer a diferença. o GPS vai te servir apenas pra te mostrar se você continua na direção correta, mas não vai conseguir te mostrar qual pedra exatamente vai ter que pisar.

ENtão, o GPS te ajuda a chegar ao destino final. Mas não vai conseguir te ajudar nesses pontos onde existe uma passagenzinha específica entre as pedras.

Dá pra ir de carro pra esse Baixão? Onde eu deixo o carro?
Só se vai de carro. E dá pra estacionar o carro no ponto onde a trilha se inicia. Nesse caso, o dono do lote que fica em frente a trilha cobra uma taxa pra estacionar o carro. Não sabemos qual é o preço que ele cobra, entretanto, porque deixamos o carro estacionado na vila de Baixão, na casa da Bia.

Uai, mas a trilha não começa em Baixão?
Sim, mas na verdade começa um pouquinho a frente da vila de Baixão. Da vila de Baixão (centro) até o início da trilha tem 1,41km de estrada de terra tranquila. Se for muquirana, pode deixar o carro em algum canto na VIla de Baixão e ir a pé até o início da trilha enrtando de graça.

Tem camping em Baixão?
Não, mas você pode acampar em algum canto lá. Pode combinar com algum morador também, pra acampar perto de sua casa, pra pegar agua, por exemplo, Tudo lá é combinado, mas é bem tranquilo. As pessoas são muito amistosas e atenciosas, você consseguirá alguém pra combinar algo. De qualqeur forma, também há alguns moradores que oferecem comida e estadia, com um preço combinado. Nós ficamos na casa da Bia  que oferece quartos e comida. Foi bem agradável e tranquilo. O preço é a combinar. A Bia foi muito amistosa e acolhedora. Recomendamos.

Humnn, mas eu não queria gastar com estadia nem comida, queria acampar mesmo, sem pagar nada, dá?
Se você escolher acampar antes do início da trilha, vai ter que arrumar algum canto lá na vila. tem muito mato lá, deve conseguir, mas não tem água láaa na vila mesmo. Daí teria que ao menos comprar água na vendinha que tem lá.

Vendinha? Opa, la tem supermercado? Que ótimo!
Calma láaa, tá muito muito longe de ser um supermercado. É uma vendinha MINIMA. Você vai encontrar só algo pra não morrer: água, refrigerante, uns biscoitos básicos, algum chip estranho da roça e pronto. Não tem muitas coisas mais. Ah, tem uma mesa de sinuca pra jogar se quiser também ;)

Ah tá, mas assim, e tem algum camping já no começo da trilha, com água, com estrutura?
Se você chama de estrutura um lugar fechado com alguem cuidando, que você paga alguma taxa pra acampar, não, não tem. Mas tem sim alguns pontos pra se acampar durante a trilha. E o primeiro ponto é no começo da trilha, antes de se chegar no leito do rio. Se você chegar cedo em Baixão (antes do fim do dia), dá pra começar a trilha com tudo nas costas, acampar nesse primeiro ponto, e começar o outro dia bem cedo, aliás, isso é o ideal pra quem quer maximizar o tempo de curtir a Fumacinha.

Você tem o telefone de algum contato em Baixão?
Não tem telefone lá. Nem telefone nem celular. Então esquece. Você consegue contatos em Ibicoara que conseguem lhe dar alguma informação. Veja na seção Fontes e Referencias.

13.Dicas
  • Se possível, pernoite em Baixão (e não em Ibicoara), pois assim poderá começar o passeio bem cedo, aumentando as chances de sucesso.
  • Não subestime a trilha e a velocidade sobre ela. Mesmo sendo um trilheiro de experiência, você não vai conseguir fazer a trilha rápido, principalmente se estiver chovendo ou chuvoso.
  • Não é necessário contratar guia para esta trilha - mas de fato, um guia vai conseguir te levar mais rápido até a Fumacinha.
  • É “só” seguir o leito do rio, mas tem alguns pontos onde você VAI errar, perdendo valiosos minutos (estimamos prováveis perdas de 30 a 40 minutos tentando caminhos errados).
  • A chance de morrer com tromba d’água é baixa, mas existe, pois o passeio é dentro de um canion. Mas tem que ter muito azar pra morrer com tromba d’água. Não se desespere.
  • Caso esteja chuvoso, triplique a atenção nas pedras, a todo momento. As pedras ficam muito escorregadias, não dá pra correr.
  • No início da trilha, ainda antes de encontrar com o rio, cuidado pra não passar direto no ponto onde tem que virar pra atravessar o rio! (pois a trilha continua direto pra outro lugar)
  • Até o ponto da “pedra rachada” (ou lascada) existem algumas trilhas complementares na parte DIREITA do rio, fique de olho sempre!
  • A trilha não é bem sinalizada. Convém levar um GPS, senão, é possível se perder.
  • Essa trilha não tem escalada, mas tem pelo menos 2 pontos críticos onde é preciso passar com muita cautela.
  • Vimos algumas setas indicativas pelo caminho, mas não foram muitas.
  • Suba o leito do rio descalço ou com meias (ou com aquele calçado próprio para trilhas, estilo um chinelo fininho). Você precisa sentir a aderencia das pedras, e com tênis não é uma boa.
  • Use as suas mãos tanto quanto possível! Não economize suas mãos para pular de pedra em pedra. Elas serão muito valiosas nessa trilha!

14.Desambiguação
Baixão é o nome do vilarejo ao lado de Brejão, porta de entrada para Fumacinha.
Mas também é o nome de um assentamento relativamente perto de Fumacinha, o que pode confundir o passeio de muita gente. O Assentamento Baixão fica próximo a Itaete e é porta de entrada pra outra cachoeira famosa: a Encantada. Cuidado pra não confundir a sua logística!

15.Downloads de mapas

16.Fontes e Referências
A Viajadora - ótimo post referente a estadia em Baixão para conhecer Fumacinha
Site do Guia João - Informações importantes sobre Fumacinha com Guia bem conhecido em Ibicoara
Coco no Mato - um bom resumo sobre logísitca e trilha
Clube dos Aventureiros - A visão da Trilha de Fumacinha do Clube foi muito semelhante a nossa visão
Casal de Mochilão - Cita as 3 cachoeiras pelo caminho: da Lascada, da Cachorra, do Encontro.

17.Relato, Fotos e Vídeos

Fumacinha, a Intocável
A Fumacinha era um destino certo desde a primeira vez que eu comecei a namorar a Chapada Diamantina, ainda nos planos, ainda nos sonhos. Quando fui a primeira vez à Chapada, no entanto, não tinha nem como cogitá-la, pois eu ainda não sabia como as coisas funcionavam por lá na Chapada, não planejei alugar carro, e foi então que descobri que a Fumacinha estava bem escondidinha, lá no Sul do Parque. Eu sabia, então, que ela requisitava um estudo e planejamento só pra ela.

Um ano mais tarde, eu voltei à Chapada, isso já em 2014, com a ideia certa de conhecer, em uma viagem só, de 5 dias, a Fumaça por Baixo (passeio de 3 dias) e a Fumacinha (passeio pesado de 1 dia só). Mas aconteceu o que acontece com seres humanos: não aguentamos o tranco: fizemos a Fumaça por baixo, mas arregamos em fazer a Fumacinha - As energias estavam esgotadas quando chegou a vez dela.

E agora, depois de ter feito a Fumacinha em 2015, eu e Paulo (amigo que me acompanhou nesse grande reconhecimento da Chapada durante já 3 expedições em 3 anos) chegamos a conclusão que fizemos uma excelente decisão em ter postergado esse passeio para 1 ano depois: Jun/2015.

A Fumacinha requisita um planejamento, mas não só isso: ela requisita que você poupe energias para conquistá-la. Sem gasto de energia você não vai conseguir.


Então foi que dessa terceira vez que planejei a Fumacinha, todo o planejamento da viagem rodou ao redor dela. O planejamento foi todo feito em cima dela, de forma a que nada pudesse atrapalhar a sua realização. Desde o aluguel do carro, desde o posicionamento da trilha em um dia em que estívessemos descansados, o planejamento do translado até Baixão e a possibilidade de acampar já adiantados na trilha, próximos a Baixão.

Saiba que Fumacinha não é um desses passeios que se faz de improviso. É preciso sim deixar as coisas prontas e planejadas, caso contrário você tem muitas chances de não obter sucesso, ou abortar o passeio - talvez mesmo antes de começar.

Programamos o aluguel do carro, programamos o que faríamos no dia anterior, e onde estaríamos na véspera do Dia D. A ideia era dormir em Baixão e começar o passeio o mais cedo possível. A Fumacinha é um passeio que não dá pra você só falar da trilha em si, é necessário falar de toda a programação do dia anterior (...como se a trilha por si só não bastasse. Se basta…)


Então a nossa jornada começa no dia 05 de Junho, uma sexta-feira, fizemos um passeio light na Cachoeira Buracão (que já tínhamos visitado em 2014), saímos de Buracão direto para Baixão. A vantagem dessa logística é que o Parque de Buracão fica na metade do caminho entre Fumacinha e Ibicoara. Poupamos uma viagem de ida e volta para Ibicoara além do que iriamos começar o passeio muito mais cedo (dormindo em Baixão) do que quem dorme em Ibicoara (a 30km de estrada de terra do início). Tudo isso para evitar o fracasso de uma trilha que, já sabíamos, seria difícil.

Antes de pegar essa estrada, é necessário um flashback importante….


No dia anterior (dia 04 de junho, quinta feira) quando chegamos à Ibicoara, já tínhamos um guia contratado para fazer Buracão conosco na sexta-feira. Mas , assim que chegamos a Ibicoara o guia nos sugeriu trocar o passeio de Buracão com Fumacinha (isto é, fazer Fumacinha primeiro pra depois fazer Buracão). Ele sugeriu isso por duas razões: pois ele sabia que nossa prioridade era Fumacinha (ele já sabia que conhecíamos Buracão) e porque ele havia nos informado que a previsão para sexta era nublado, mas que para sábado era de chuva.

O que acontece é que a Fumacinha com chuva é um passeio bem complicado. Recebemos a notícia apreensivos, mas… o que podíamos fazer?
Dia 04 de Junho - A Véspera do Dia D
Nesse dia 04 que chegamos à noite em Ibicoara tinha sido o dia em que tínhamos vindo direto desta trilha - a trilha mais estressante de todos os tempos. Não estávamos cansados só fisicamente, mas também psicologicamente. Era impraticável cogitar a ideia de emendar Fumacinha já no outro dia por causa da previsão de chuva. Se uma chuva no sábado atrapalhava os planos, o nosso estado na quinta feira simplesmente inviabilizava a troca dos passeios Buracão e Fumacinha.

Foi por essa razão que apesar de o universo estar conspirando contra todos os nossos passeios nesse reconhecimento 3 , em 2015, da Chapada, nós batemos o pé e mantivemos o nosso planejamento: TINHA que ser Buracão na sexta (pra relaxar e abastecer o tanque) e Fumacinha no sábado quando estivéssemos 100% novamente, apesar da provável chuva.

Na sexta-feira fizemos o passeio de Buracão, tranquilos e sem pressa, a trilha é curta e usamos o passeio mais pra “descansar” (Apesar que ficar curtindo a Buracão  é algo cansativo, pois é um poço com muita correnteza e muito gelado - se gasta muita energia também). Mas depois de curtir a Buracão ficamos um tempo na Cachoeira das Orquídeas (cachoeira anterior a Buracão). Esta, muito mais tranquila, com poço raso, sem correnteza, com sol batendo, e locais para se descansar.

Ficamos um pouco lá (com o nosso guia morrendo de fome, doido pra voltar pra sede do parque enquanto a gente nadava e tirava fotos) acumulando energia para o dia que estava por vir. Saímos cedo ainda do complexo do Buracão, algo próximo as 16h, porque queríamos chegar ainda com luz do dia na bucólica vila de Baixão.

A Bucólica vila de Baixão
Confesso que eu estava muito curioso para chegar nessa vila. Uma vila esquecida pela tecnologia, sem telefone, sem internet, com apenas TRINTA habitantes (segundo a dona Bia que mora lá), palco de um dos maiores tesouros do Brasil. Eu queria chegar cedo em Baixão também porque eu não sabia muito bem como as coisas funcionavam lá. Eu sabia apenas que era uma vila pequena, que tinha alguém lá que oferecia comida e TALVEZ estadia.

Estávamos preparados (MAIS OU MENOS) para dormir em barracas, de qualquer forma. O “mais ou menos” se deve ao fato de eu não ter podido levar o meu cartucho de gás para esquentar nossa comida, (pois fui de avião) e acabamos esquecendo de comprar esse cartucho em Salvador - ao que parece, único local no circuito Salvador-Andaraí-Mucuge-Ibicoara que vende esse item de camping. Não havia esse item disponível nessas cidades que passamos. Tínhamos a tiracolo apenas barras de cereais, biscoitos e um tolosco de mortadela (salvadora mortadela!) para o caso de nenhuma comidinha caseira ser oferecida para nós na tão esperada vila: Baixão.

O Tote, o nosso guia que tivemos contato em Ibicoara nos indicou a Bia: segundo ele, ela iria nos oferecer comida e estadia (não é hotel, nem pousada, nem albergue) é apenas a casa dela que tem quartos sobrando, e ela oferece os quartos por uma quantia a combinar com ela.

Como eu sabia que era uma vila pequena, sabia que a luz do sol deveria ditar bastante os horários por ali. Então eu temia chegar após as 18h e encontrar todo mundo dormindo, inclusive a Bia. Isso significaria dormir na barraca (ok, dá pra aguentar) comendo mortadela (morrer a gente não morria, mas quanto vale uma comidinha caseira e um colchãozinho gostoso?)

Se fossemos pensar bem, até mesmo isso impactava no sucesso de Fumacinha no outro dia. Uma boa noite de sono era fundamental! Mesmo porque, de fato Tote estava certo, consultando o climatempo (isso antes de ir a Buracão, porque depois de chegar em Buracão ficamos desconectados do mundo) indicava dia nublado o dia todo e chuva a qualquer hora para o sábado dia 06, o dia D que escolhemos para nos curvarmos à Fumacinha. “Chuva a qualquer hora” era melhor do que “chove o dia todo”, mas com certeza não era o melhor dos cenários.

Saímos tranquilos, então, de Buracão, direto em direção a Fumacinha. O Tote nos deu essas dicas pra tornar possível essa logística favorável e foi por isso que contratamos um guia para Buracão diretamente la na porta do parque - é que se ele tivesse vindo conosco de desde Ibicoara, nós teríamos que voltar a Ibicoara para deixá-lo lá  de volta (a maioria dos guias ficam em Ibicoara) e então retornar a Baixão.

Tendo contratado um guia na porta de Buracão, não demos nenhuma volta, saímos do parque e fomos direto para Baixão (sem precisar voltar à Ibicoara).

Tenho que admitir que, apesar dos pesares dessa viagem, o dia da véspera à Fumacinha saiu perfeitamente perfeito. Tudo conforme o esperado. Er, bem, quase tudo. Tirando o fato de que arranhamos o carro depois de uma derrapada fora dos planos na estrada de terra do Buracão (e sofremos até o final da viagem achando que íamos pagar o olho da cara - mas não pagamos o/ [não corra na estrada de terra!]) e o fato de na saída de Buracão eu ter esquecido a minha carteira no teto do carro, saímos fora e de repente eu vejo uma coisa preta voando ao lado da janela? Não sei como eu chutei que era alguma coisa minha mesmo. Recuperei a carteira, eta carteira aventureira!!! Mas tirando esses dois insanos itens, sim, foi tudo perfeito! E chegamos em Baixão aproximadamente às 17h.

A estrada não é complicada, qualquer um consegue te explicar, são poucas as bifurcações confusas. Não precisamos parar nenhuma vez no meio para perguntar outras pessoas. Passamos o Brejão e então chegamos à Baixão.

Chegando lá, vimos 3 senhores de mais idade sentados na “calçada” em frente a algum comércio qualquer (o único da vila, obviamente). Paramos ali e perguntamos por Bia. Eles logo apontaram para trás e disseram que era “naquela casa amarela”. Bem, não tinha muito como errar por ali. Na direção apontada só havia uma casa, não era amarela, mas estava na direção que eles apontaram. Era a primeira (ou quase, eu acho..) casa da vila. De lá saia uma animada e sertaneja-brega música. Pelo jeito deveria ser lá, pois na porta da casa tinha algumas mesas de plástico como se ali fosse uma espécie de bar, mas sem nenhum cliente por ali. Será que aquilo enchia mais tarde? Afinal , era sexta-feira!

Chegamos e logo Bia apareceu à porta. Muito simpática, parece que já esperando por visitantes de Fumacinha. Não é uma cachoeira que fica entupida de gente - talvez porque ainda é pouco conhecida e porque é difícil de chegar - mas ao que parecia Bia estava acostumada a receber visitantes.

Ela logo comentou o que tinha a oferecer: como Tote havia comentado, realmente havia a tão sonhada comidinha caseira (se fosse só a comidinha já era meio caminho andado!) mas ela disse também que realmente oferecia quartos para dormir. Nós não tínhamos planejado esse gasto, mas eu decidi que ali seria um bom momento para realizar o “gasto surpresa” , aquele gasto que vc esquece do bolso e faz com gosto, pelo bem do passeio. Se existia um passeio em que eu queria investir para que ele saísse o melhor possível era a Fumacinha.

Eu perguntei qual era o preço para Bia, pois eu não tinha ideia de o quanto ela cobraria por ali. E a princípio ela me ofereceu quartos por um preço muito alto. Eu prontamente tive que declinar, lhe disse que por aquele preço não dava. Eu não estava querendo ser chato e não estava barganhando, apenas era um preço aquém do que o meu “esquecimento de bolso” poderia arcar. A gente esquece, mas tudo tem um limite. Eu confesso que esperava que ela fizesse uma contra-proposta mesmo. Ela comentou que na vila existem mais duas casas que oferecem estadia. Eu perguntei curioso “é mesmo? mas percebi prontamente que ela ficou preocupada com a minha curiosidade e ofereceu um preço muito mais em conta para os quartos na mesma hora. Eu juro que não perguntei “é mesmo” como chantagem do tipo “se você não abaixar o preço vou para outra casa então!” Juro que não foi! Mas sem querer soou assim, eu fiquei um pouco sem graça, e lhe comentei que nós estávamos preparados para dormir na barraca, que não queria incomodá-la, e que se não fosse possível fazer aquele preço mais acessível (e que eu podia pagar) que não haveria problema algum, ficaríamos, já, muito satisfeitos só com a comida caseira, seria o máximo!

Mas ela insistiu e disse que não tinha nada, continuou 100% simpática, e que ali não tinha disso não, que o que pudéssemos contribuir estava valendo!

Tudo se ajeitou assim então, ela nos mostrou o quarto, em sua singela casa, grandinha até, com quartos sem porta, só uma cortininha: coisas que só em uma vila de 30 pessoas você vai ver. Tiramos algumas coisas do carro, curtimos o visual da vilinha nas últimas horas de sol, babando principalmente no paredão típico da Serra do Espinhaço, aquele que te dá vontade de tirar fotos sem parar.

Lá pelas 17h, a gente escutou que a Bia estava mexendo na cozinha e não deu nem 17h30min ela perguntou: “já querem jantar?” Consultei 3 vezes o relógio, mas era isso mesmo. Janta às 17h30min!!! Ok, eu sabia que as coisas eram mais cedo na roça, mas eu não sabia que era tanto! Falei com ela que gostaríamos de jantar um pouquiiiinho mais tarde (isso pra mim equivalia no mínimo as 20h), mas eu sabia que não ia dar pra segurar tanto, pelo jeito Dona Bia ia dormir cedinho todo dia hein.

Arrumamos nossas coisas, e depois de mais duas chamadas pra jantar, conseguimos postergar a janta para às 19h30min (já foi uma boa vitória). Sentamos à cozinha, experimentamos uma deliciosa comidinha caseira, simples, mas gostosa, com direito a cuscuz (é isso mesmo, Paulo?) e um bifão de carne (há alguns dias que não víamos isso). Tinha um gostoso suco natural e já as 20h estávamos quase pronto era pra dormir mesmo.

Acho que lá pras 21h Bia já se preparava para dormir, acompanhamos o balaio, visto que no outro dia 6h em ponto deveríamos estar de pé, e botar o pé na trilha no máximo, estourando, as 7h da manhã.

Não tive uma boa noite de sono, porque havia muitos mosquitos ali (aliás, sofri a viagem toda em todos os destinos com mosquitos) mas dessa vez, na casa da Bia foi de besteira: no quarto tinha um mosquiteiro, mas eu esqueci de usar! De qualquer forma, deu pra descansar e então as 6h da manhã o despertador tocou.

O Dia D acordou feio - Quase começando a trilha
Acordei. Durante a noite escutei chover muito. Tomara que tenha chovido tudo que tem pra chover - pensei. Saí do quarto e abri a porta da casa enquanto a dona Bia já arrumava o nosso café da manhã - dentro do pacote combinado. Olhei pro céu, mas nem precisou levantar a vista muito : céu completamente nublado com muita neblina, nuvens carregadas de garoa. Not good…

Parece que chutamos o pau da barraca, porque a essa altura do campeonato, mesmo que já sabendo que a previsão era ruim, acho que acreditamos que ela poderia errar. Mas agora tendo visto que a previsão não errou, já estávamos nos sentindo no estilo “estamos no inferno abracemos o capeta” ou na mais literal de suas concepções: “se estamos na chuva, vamos então nos molhar!”

Foto tirada quase na porta da Casa da Bia - em direção a trilha. Não dá pra ver, mas as montanhas do Canion da Fumacinha estão ali naquelas nuvens

Não sei aonde foi parar o meu maior medo nessa trilha, o de uma tromba d’água. Mas talvez esse medo tenha se amenizado um pouco quando Tote, quando ainda em Ibicoara, nos deu alguns toques e recomendações. Eu lhe comentei sobre o meu medo de enfrentar uma tromba d’água, mas ele olhou pra mim e disse:

“Tromba d´’agua?? Ah nãão… relaxa! Lá durante a trilha tem lugares laterais de escape. Só dá problema mesmo se você estiver no ponto ‘bla’”. Ele falou o que era esse ponto blá, mas eu não me lembro mais qual era esse ponto e não tive tempo ou nem me atentei para tentar identificar qual era a parte da trilha onde essa questão era crítica. A questão é que ele disse é que havia apenas um trecho onde uma tromba d'água poderia ser fatal, de fato. E isso só aconteceria com muito muito azar.

Foi uma boa notícia, pois uma das coisas que mais temia nessa trilha era de fazê-la com chuva. Segundo Tote, o maior risco mesmo era de tombos e fraturas durante a expedição pelo leito do rio.

Eu já havia feito uma trilha sobre leito de rio em época chuvosa, o famoso Canion do Peixe Tolo e sua sombria cachoeira, há muitos anos atrás quando eu ainda nem sabia o que era uma tromba d’água. Mas agora em Fumacinha, muitos anos depois, eu sabia bem, e nunca me sai da cabeça aquele vídeo de uma tromba d´água em algum país oriental (Índia?) Matando uma família inteirinha. Eu sempre tenho na minha cabeça que ou eu morro de cobra ou eu morro de tromba d’água. Não sei qual dos dois prefiro mais…

Enfim, o comentário do Tote havia me deixado mais tranquilo, e sobre a caminhada sobre leito do rio, eu achava que ia tirar isso de letra. Modéstia a parte, eu tenho uma boa habilidade em andar em pedras, eu considero que é uma das minhas maiores habilidades em trilha. Não que seja difícil, mas acho que isso foi o que mais treinei em toda a minha história de trilheiro, digamos assim - se aqui conto todos os anos desde moleque onde corria o rio da Cachoeira Véu da Noiva, da parte debaixo até a parte de cima, várias vezes em um mesmo dia…

Tomamos o café então, com frutas, suco, um café com leite gostoso e quentinho pra começar a esquentar aquele dia… porque tava frio. Não terrivelmente, mas algo em torno de 20 graus. uma chuvinha fina….


A Trilha
As 7h em ponto nos despedimos da Dona Bia, deixamos o carro estacionado ao lado da casa dela (ela estava indo pra Ibicoara no fim de semana mas falou que podia deixar o carro lá estacionado tranquilo) e começamos a andar em direção à Fumacinha. Da casa da Bia até o início da trilha são 1,41km de estrada de terra tranquila. Decidimos fazer esse pedaço a pé também por pura muquiranice, pois a Dona Bia nos disse que lá onde se deixa o carro, o carinha que mora ao lado costuma cobrar uma taxa. Indo a pé não tem taxa. A bia falou que eram 10 minutinhos até o inicio da trilha, então achamos que pagava a caminhada a mais. Esses 1,41km dá um pouquinho mais que 10min (que a Bia falou), mas mesmo assim é tranquilo, estrada plana.

Começamos caminhando de boa, mas já de cara com chuva, chuva fraquinha, apenas botando um medinho sobre a possibilidade de não conseguirmos completar. Liguei o GPS e apesar do tempo horrivelmente feio e fechado, o meu bom e velho Garmin aguentou o tranco e conseguiu, durante esses 1,41km iniciais encontrar os satélites e começar a me guiar.

Um pouco antes de chegar até a porteira onde a trilha se inicia um carro passou por nós, e era de Salvador, muito provavelmente - pensei então - não seríamos os únicos malucos a fazer aquela trilha naquele feio dia. Isso era uma boa notícia, pois sofrer um acidente no meio da Fumacinha, sem gente pra apoiar, não deve ser das coisas mais agradáveis.

Eu tinha o track da trilha, passada por um amigo meu (ainda difícil encontrar esse track na internet) e então começamos bem. Logo chegamos na cancela que a Bia havia informado que tínhamos que virar. Batia com o que estava no GPS mas mesmo assim confirmamos com um senhor que estava na casa ao lado (provavelmente o cara que cobra a estadia de carros) e ele confirmou a passagem.

Fim dos 1,42km iniciais entre Baixão e início da trilha - Note a porteira no lado esquerdo da foto. É o início da trilha

Não era uma cancela, era uma porteira. mas vai saber, devem chamar cancela e porteira tudo igual.  Esses primeiros metros da trilha eram uma trilha com muito mato, era uma passagem de carro mas visivelmente há muito tempo não usada. Até mesmo para andarilhos o mato estava alto. A lembrança da cascavél da trilha de 2 dias atrás ainda reinava minha mente, assim que fomos com calma. Mas esse matinho chato durou pouco, só até encontrar com outro braço da trilha já logo nesse início. E nesse braço encontramos certinho com o grupo do Carro de Salvador, como previsto. Isso foi bem no comecinho mesmo.

Eu achei ótimo termos companhia, pois podíamos precisar sim.

Desde os primeiros segundos já tinha dado pra perceber que era um guia que estava à frente do grupo, devido a seu linguajar e palavras de incentivo ao resto do grupo, formado por mais 3 pessoas (um casal de jovens , e uma mulher de uns 30 e tantos, me parece). 

Nós ficamos na frente do grupo e então íamos ouvindo/pescando algumas coisas que o guia ia falando sobre a tirlha. Disse ele que eram 3km de trilha normal antes de começar a pular pedra. E ele estava indo num ritmo bom, então assim fomos também em um ritmo forte nesse começo até que chegamos na primeira travessia do rio.

Importante comentar que a primeira travessia do rio é uma quebrada de trilha à direita que pode sim confundir. Não há placas, e desavisados podem seguir direto (como quase nós seguimos - só não , por causa do GPS e confirmação do grupo com guai que vinha logo atrás). Acredito que a trilha que segue direto deve ir a outra cachoeira, muito provavelmente a Cachoeira Véu da Noiva (mas nõa tenho certeza.)

Chegamos ao rio e aí veio um primeiro testinho, uma passagem pelo rio, mas molhando os pés. Tiramos os tênis e atravessamos ele com uma pequena dificuldade. Não estava cheio o rio, mas também não vazião. O grupo com o guia teve alguma dificuldade para atravessar, nós passamos mais rápido e seguimos viagem. Não queríamos que parecesse que estávamos bicando o guia, pois nós não pagamos, e eu acharia falta de educação fazer isso. Estávamos lá por conta própria. Nesses primeiros minutos de contato com o grupo, deu pra perceber que o guia não estava muito aberto a nos ajudar, de fato. Pelo menos isso foi o que ficou transparecendo.

Travessia do rio - depois do fim da parte da trilha sem ser sobre o leito do rio  de Fumacinha

Logo depois da travessia do rio, andamos mais um pouco de trilha e então chegamos mais uma vez ao leito do rio. Chegamos antes do grupo e eu presumi que ali já tínhamos que atravessar o rio novamente. Cruzamos sobre pedras mas logo chegou o grupo atrás e o guia tomou outra direção, subindo o leito do rio rente a borda direita mesmo, sem atravessá-lo. Bobos que não somos prontamente voltamos para a borda direita do rio (nessa parte não molhava os pés, pois tinha muitas pedra altas) e subimos mais um pouco.

Ao chegar no rio (que vamos seguir por mais 3,75km) até paree que a trilha vai ser tranquila. Mas com as pedras molhadas, só parece mesmo...

Aqui aconteceu algo que se repetiu algumas vezes durante o passeio. O guia dava uma paradinha qualquer dizendo que o grupo tinha que olhar não sei o que, ou pra descansar, ou pra tirar alguma foto, e nos deixava passar dizendo que “estávamos em um passo melhor e mais rápido”. De fato estávamos mais rápidos mesmo. Mas na segunda vez, aconteceu de novo que tentamos investir em uma passagem pelo rio que não estava dando resultado e um pouquinho mais a frente o grupo nos alcançava de novo e então o guia mostrava algum canto muito mais rápido de se ir. Nós parávamos , voltávamos a segui-lo. Então o guia parava o grupo, deixava a gente passar e íamos por conta própria à frente novamente.

A sensação que tínhamos é que o guia não queria nos mostrar o caminho correto. Pois ocorreu algumas vezes de estarmos bem a vista dele, ele ver claramente que estávamos indo pra algum lado errado, ele nada falava e então só sabíamos que estávamos errados porque ele já estava indo com o grupo por outro lado.

É importante salientar que nesse comecinho de investida no leito do rio, ainda há alguns pedaços onde há algumas trilhinhas significativas na parte direita do rio que podem ajudar a ganhar um tempinho. Mas isso é só mais no comecinho mesmo.

Quando falo “lado errado”, não pense que existem muitos lados pra se ir. Na verdade, chegado o segundo encontro com o rio, não tem muito pra onde fugir. É só seguir o leito do rio. Mas isso dito assim pra quem imagina a trilha abstratamente, imagina um leito bonitinho onde é só ir subindo sem nenhum problema.

Mas não é bem assim. No começo erramos 2 vezes antes de chegarmos ao nosso primeiro grande erro.

O 1o. grande erro
Dai, um pouquinho mais a frente chegamos em um primeiro ponto importante da trilha. Um super poço, grandão, onde na parte direita havia um paredão de pedras - impossível passar -  e a parte esquerda que parecia oferecer uma passagem. Não pensamos duas vezes, e atravessamos então o rio para a parte esquerda, para tentar atravessar o poção - primeiro obstáculo significativo da trilha.

Fomos indo, subindo pedra, passando pela lateral, até que….. fim da linha. Chegamos em um ponto alto, uma pedrona grande e alta, que não permitia continuar de forma segura até o fim do poção. Enquanto isso, imagina o que acontece..? Isso mesmo. O grupo com o guia nos alcançou novamente e começa a atravessar o poço por onde…. ? Pelo impossível paredão da direita. COMO??? (pensamos ambos ali, estupefatos enquanto voltávamos pernadas atrás para corrigir o erro).

Assim... não foi nada demaaais esse erro, mas começamos a perceber que cada errinho em cada parte do leito do rio ia acumulando, e isso podia custar muito caro ao passeio. O que estava me deixando completamente tranquilo é, que se o grupo do guia - que estava muito mais lento - ia chegar, nós com certeza também íamos chegar, então não tinha tanto problema assim.

Perdemos 10minutos nessa brincadeira de tentar atravessar o poção pela esquerda, voltamos e alcançamos o grupo no começo do paredão à direita. Mas eu estava muito curioso pra saber como é que ele ia fazer pra atravessar a segunda parte do paredão que simplesmente não oferecia apoio pra continuar sem que se nadasse no poço. Será que era nadando???? Eu não lembrava disso nos relatos, mas parece que ia ser assim!





Em uma parte do paredão era preciso se agachar e era preciso ir com bastante cuidado pra não cair na água. Não era perigoso, pois qualquer coisa caía no poço, mas era bem perigoso pra todos os meus itens eletrônicos xD. De jeito nenhum que eu poderia cair! Logo depois dessa passagem pela “pedra rachada” (ponto clássico da trilha) chegou a hora H! Quero ver passar agora, seu guia! (pensei eu). E então ele diz: Agora é só pisar aqui:

PLEC.

Tchanaaaaam! Mas o que???? Quem diria?? Colado ao paredão, tinha um chão “secreto” submerso, mas invisível, porque a água de fumacinha é muito escura e não permitia ver. Só mesmo conhecendo aquele pedaço pra saber que tinha um chão fininho, uma espécie de passarela colado ao paredão, tipo, poucos metros, cerca de 10 metros de chão invisivel submerso, certinho pra atravessar o resto do poço!!!
Passagem no Poço da Pedra Lascada (ou Rchada)

Foto olhando pra trás - vendo o guia-não-amigável e o grupo passando pelas pedras - nós tinhamos novamente ultrapassado eles aqui

Quedinha do Poço da Pedra Lascada - quedinha pequena mas o poço é gigante e parece muito gostoso de se nadar (não deu pra nós)

Nessa hora eu pensei comigo mesmo: “Como eu ia saber que era aqui ??? NUNCA!” Foi nessa hora que tive raiva do meu amigo Wiliam que não me falou desses trechos complicados da trilha?? Segundo relatos que li , todos diziam “é só seguir o leito do rio”. Como assim “só”? É 1 rio só mesmo. Mas não é simples. Pelo menos não estava sendo! Como se o leito do rio fosse uma passarela?? A questão é que cada errinho daqueles impactava no passeio. Bom, mas o pior não era isso. O pior era ter constatado que se aquele guia não estivesse ali, teríamos gastado MUUUUITO mais tempo pra ter descoberto aquela passagem secreta! Sério. Pra mim, aquela passagenzinha foi tipo um empurrão em uma parede no jogo Wolfeistein 3D, achando uma passagem secreta! Muito difícil de ver!

Enfim, ultrapassamos o guia de novo na já conhecida tática dele de nos deixar passar. Passamos pelo poço, subimos uma seguinte passagem onde havia uma corda para ajudar a subir a pequena queda d’água daquele poço e continuamos subindo.

Logo depois, matutando com os meus botões, de repente, me veio algo a mente. É que eu percebi que estávamos muito lentos, muito mesmo, afinal estava chovendo fraco e todas as pedras estavam totalmente molhadas e bem escorregadias, não dava pra botar quinta marcha. Eu julguei que NUNCA que aquele grupo chegaria a tempo em um dia só. Foi aí que eu comecei a desconfiar que aquele grupo não iria fazer um bate- volta para Fumacinha, mas sim que iriam dormir no meio do caminho. Nessa hora eu confesso: me bateu um desespero. É porque eles poderiam estar preparados para pernoitar por ali, mas nós não estávamos.. Então se eles àquela velocidade iam pernoitar, nós precisávamos andar a uma velocidade muito maior do que a deles!

Sei lá se foi isso que de repente fez a gente errar menos. A questão é que depois deste grande erro no primeiro poção da trilha nós disparamos na frente. Ficamos calculando eu e Paulo se eles de fato iriam acampar? Não estava com cara! Porque nenhum deles estava levando muita coisa e o único que estava levando um mochilão era o guia, mas mesmo assim não tinha muita coisa. Parecia apenas uma mochila um pouco maior com alguns primeiros socorros. Só se eles fossem acampar em algum lugar sem mochila! (só ao teto do luar, estilo tinham feito os pernambucanos na Toca da Capivara, 1 ano antes, la na trilha da Fumaça…)
Parte razoável, logo depois da Pedra Lascada

Rio da Fumacinha nos brindando com muita água - ainda antes da Bifurcação Y

Pelos meus cálculos, era isso aí.  Qualquer hipótese estava um pouco estranha: tanto o guia ter uma barraca mágica a tiracolo que cabia 4 pessoas, tanto quanto aquele grupo topar acampar sem barraca (o grupo não estava com cara que ia encarar esse tipo de coisa) tanto quanto chegar a tempo pra só um bate-volta! A aquela velocidade, sério: eles não iam chegar nunca!

Mas nós vamos! E foi assim que continuamos, então, rio acima! Depois desse poção seguimos, lentos, mas seguimos. Tivemos mais alguns pequenos erros. Mas aquele grande erro no primeiro poção nos deixou mais ligadões, eu acho. Para duas coisas importantes: A primeira é olhar com mais cautela antes de tentar o que parecia mais óbvio “Nem tudo que reluz é ouro”. E o segundo acreditar que o que parecia impossível talvez não fosse.

Erramos pouco e assim seguimos bem por uma boa parte do leito do rio, sem mais surpresas. E depois que passamos o primeiro poção, não teve outras trilhinhas significativas não. Foi tudo mais ou menos em cima do leito do rio mesmo e aos poucos eu já estava percebendo uma coisa que eu já suspeitava desde o princípio: o GPS não ajudava muita coisa sobre o leito, devido a uma necessária micro-localização, dentro de um canion e com o dia nublado? Sem chance. Não tinha micro-localização. A única coisa pra que o GPS servia naquele momento era pra confirmar que estávamos no rio certo (heheheheheheheh - mas iremos lembrar desta risada mais tarde).

Mesmo assim, virava e mexia eu dava uma olhadela no GPS pra confirmar que estava tudo ok por enquanto. Já eram 9h30min  e ainda estávamos muito, muito longe de Fumacinha. Pelos meus cálculos, apesar de nossa bela velocidade, não ia dar tempo. Cada vez mais eu me convencia que apesar da improvável hipótese, ela é que parecia ser mais provável: o grupo do guia TINHA que acampar por ali, pois não iam conseguir de jeito nenhum!

Numa dessas olhadelas no GPS, bateu um levezinho desespero quando percebi que por alguma razão que não sabia qual, a última parte do track até Fumacinha não tinha subido (ou o GPS tinha dado pau). Nada demais já que era só seguir o leito do rio A NÃO SER Pelo fato de que eu sabia que mais adiante o rio se dividia em dois!

Sim o rio se divide. Eu sabia que sim! Tinha até marcado o lindo ponto “Bifurcação Y” no track, mas o ponto sem linha nada informava! Eu tinha estudado a bifurcação no mapa. Só queee… so queeee… eu não sabia pra qual dos dois lados eu deveria ir. Não não não mesmo! Não decorei porque “pra decorar se eu tinha o track!” Bateu sim um levinho desespero mas decidi omitir essa informação do  Paulo, porque eu precisava do otimismo de alguém na trilha  visto que o meu , minuto a minuto estava começando a morrer. Eram 9h50min, e ainda estávamos muito longe do destino final.

Pelo meus cálculos, nós deveriámos estar na Fumacinha no MÁXIMO até as 11h da manhã. Isso daria 4h de trilha, botando + 4h pra voltar, isso nos daria o privilégio de 1h curtindo a Fumacinha e assim chegando ainda com luz do dia em Baixão as 17h , tranquilos.

Eu confesso que antes de começar a andar no rio, achei que íamos estar muito mais rápidos do que de fato estávamos indo. Eu estimava que íamos sim conseguir a trilha em 3h30min, abaixo da média 4h que se ouve por aí. Mas pelo andar da carruagem, não era bem isso que estava se desenhando.

Apesar do meu otimismo estar morrendo de gota em gota, tipo a chuva que não parava de cair, continuamos muito bem e num ritmo forte, apesar de lentos, pois estávamos sobre um leito de rio com pedras grandes, molhadas e bem escorregadias. Levamos alguns tombos, mas poucos, e nenhum deles significativo. Eu ia descalço e Paulo de meias, acho que a melhor forma de encarar esse rio. Ir calçado não é a melhor estratégia, pelo menos penso eu.

A Bifurcação do Rio
Foi então chegada a hora de encarar o unidunitê. Bem.. não foi exatamente um unidunitê porque felizmente o GPS deu uma noção mais ou menos da direção que eu tinha que tomar. Só que não havia track pra lá. Eu parei, esperei o GPS “estabilizar”, pois àquela altura do campeonato eu já tinha percebido que o GPS estava perdendo o sinal de satélite várias vezes 
Registro do GPS na parte da Bifurcação Y  - Um verdadeiro Triangulo das Bermudas


. Então agora era torcer pra que naquele momento da decisão ele estivesse OK e não apontando uma direção errada - o que não era tão impossível assim.

Também, pela vazão de água, parecia mais provável que a queda estivesse a esquerda mesmo. Falei para o Paulo: “vamos para a esquerda” e  então fomos.

Eu não estava muito confiante. Eram 10h30min. Eu não tinha a ideia precisa de quantos quilômetros faltavam para Fumacinha (nem parei pra ver na hora), mas no olho eu sabia que faltava muito. (Agora, no pós viagem olhando o mapa, eu medi que faltavam 1,46km). Sim, uma distância ainda incrível para uma trilha sobre leito de rios. Se bem se lembram , uma média de velocidade geral que se faz sobre leito de rios é 1km/h. A velocidade de alguém em condições normais sobre um leito de rio é essa aí (mais ou menos a nossa também). Então, 10h30min + 1,46h de trilha, a gente não ia chegar antes de meio dia. Só isso.

Aliada a essa ideia de que ainda faltava muito estava a descrença de que eu tinha escolhido o lado certo. Isso porque a cada hora que eu olhava o GPS pra confirmar a direção correta, o GPS ficava louco e desenhava qualquer coisa. O GPS estava perdido, perdendo freqüentemente o sinal dos satélites.

Uma coisa que deu um certo ânimo nessa segunda parte sobre o leito do rio foi que a trilha ficou mais rápida, numa parte do rio onde dava quase pra correr, tava fácil e plano. Poucos metros assim, mas deu uma adiantada.

Logo apareceu um poção grande e uma queda significativa e conseguimos passar rápido por ela, pela direita (se bem me lembro). Paulo perguntou se eu não queria tirar fotos? Eu falei que não. Realmente eu estava bem preocupado com o horário. Na verdade, eu estava pronto pra desistir a qualquer momento. Não é drama. É porque eu sabia que tava longe. Era mais de 1km, eu sabia que não havia a menor possibilidade de chegarmos lá as 11h. E quanto mais eu olhava pro GPS mais eu agonizava. Sempre parecia que a gente tinha escolhido errado. Paulo continuou forçando pra seguirmos.

Eu perguntei a ele se ele estava preparado para más notícias?

- Eu estou preparado sim, bora!

Eu tive certeza aquela hora que se eu estivesse sozinho, eu não teria conseguido. O Paulo me puxou naquela hora que eu tava quase desistindo mesmo. A minha moral e o meu psicológico começaram a definhar, isso porque quanto mais eu olhava pro GPS e pro horizonte a frente, mais eu tinha certeza que eu tinha errado o unidunitê. É que o canion parecia que estava se ABRINDO. NENHUM sinal de que ele estava se fechando como mandava o figurino! Eu lembrava a todo momento do relato feito pelo Antonio, amigo meu, dizendo que aos poucos a Fumacinha ia aparecendo ao fundo, com o canion se afunilando. Mas cade o canion se afunilando?? O canion tá se abrindo!

Esses próximos 200m eu já estava preparado para dar um pulo naquela queda intermediária como um premio de consolação. Mas eu estava disposto a tentar Fumacinha de novo no domingo, agora acertando o lado que eu tinha amargamente errado!

Falei pra Paulo que o nosso tempo estava começando a chegar em uma fase crítica. Ainda havia tempo, mas agora era chegar ou chegar.

Fim da linha
Eu tentaria mais 15 minutos e daria por finalizada a tentativa de chegar a Fumacinha. Até que chegamos ao segundo poção depois da bifurcação. Uma respeitável cachoeira com uma vazão interessante. Em condições normais de pressão e temperatura eu teria já pulado no poço e tirado muitas fotos. mas tínhamos que passar. E cogitamos ir pela direita. Fomos passando até que…. FIM. Havia uma passagem possível, mas bem perigosa, pelo menos pelos meus cálculos, onde era necessário se pendurar em uma pedra com o poço a direita com algumas pedras. Cair era um belo tombo capaz de terminar com qualquer brincadeira.

A complicada Cachoeira da Cachorra - bonita e difícil passagem (Paulo olhando como passar por aquela pedra alta - mas é ali mesmo... veja no vídeo)

Sério, pra mim era o fim da linha. Dadas todas as condições do trajeto naquele momento, para mim infelizmente a brincadeira tinha acabado. Eu já estava pensando na tentativa do dia seguinte ou até mesmo na próxima expedição em 2016. Nada feliz, é claro. O meu psicológico morreu ali mesmo. Mesmo mesmo.
Paulo estava vivo ainda. Pendurou na agarra da pedra e conseguiu subir com facilidade até, para a pedra que levava para o além, do poço, TEORICAMENTE. Perguntei se ele estava vendo Fumacinha, ele disse que não, que ia ver se dava pra atravessar o poço por ali. E que voltava já. Assim que ele andou, eu não tinha mais ângulo de visão para avistar o que ele estava tentando, mas tudo bem então.



Me contentei em esperar um pouco, certo de que ele voltaria dizendo que talvez daria, mas que não tinha certeza, pra mim seria o suficiente para eu sepultar de vez a ideia e voltarmos, é claro, sem moral alguma, já esperando encontrar o guia na bifurcação, rindo de nossa cara pois havíamos errado o que nunca poderia ter sido errado: só a bifurcação mais importante e mais fácil da trilha. Ou talvez quem sabe ainda daria pra seguir eles? Ou veríamos eles armando a barraca antes da bifurcação e teríamos que dizer que não chegamos?  Vai se saber, de qualquer forma seria bem chato..

Passaram-se sei lá, 3 ou 5 minutos, mas parecia mais, e o Paulo não voltou. A única coisa que eu pensava agora é que pra completar o fiasco da tentativa é que Paulo, na sede de chegar, tivesse caído em algum lugar e agora estava gritando e eu não podia escutá-lo. Bateu um desespero e então eu decidi ir atrás dele. Eu tirei a mochila das costas pois tinha noção da dificuldade que seria subir aquela agarra para a pedra de cima.

Eu logo pendurei na agarra, mas já com a experiência de perrengues passados onde quase levei tombos fatais em pedras, eu calculei se eu conseguiria voltar sozinho para de onde estava vindo? E já parecia um tanto ruim. Hesitei demais, e pulei de volta para a pedra inclinada que era o único que me parava antes do chão. Caí de cotovelo me ralei todo indo parar, na parte certa, mas caí de costas, apenas um pequeno susto. Só que eu tinha hesitado. Agora não sabia mais o que fazer.

Alguns minutos depois o Paulo voltou e disse:

-Eu acho que é por aqui - disse Paulo.
-Você consegue DESCER de volta? - perguntei provavelmente com um semblante muito negativo.

Eu tinha a certeza absoluta que ali não passava ninguém, ERA perigoso, e fiquei com medo de Paulo ter dificuldades de voltar. Eu só iria se primeiro ele testasse a volta.

Ele desceu com alguma certa dificuldade devido a altura, mas deu certinho o pé. Tendo ele testado a descida então, subiu de volta e me convenceu - quase que a contragosto - de continuarmos por ali.

Eu não estava acreditando que a passagem para Fumacinha apresentava aquele grau de dificuldade. Ainda não conseguia conceber a ideia que aquele grupo atrás de nós em uma velocidade e habilidades muito menores iriam ter que passar…. AQUI?? Nesse lugar que eu estou hesitando?


Cachoeira da Cachorra (ou Encontro - não me lembro)

Era mais que certo que sozinho ali eu já teria desistido a muito tempo.  Entreguei a minha mochila ao Paulo. Subi pela agarra sem pensar na volta e agora estava na pedra de cima. Era agora.


A Reta Final
Não tinha como ser por ali. Eu tinha certeza que aquela empreitada final não ia dar em nada. Combinamos agora mais 15 minutos de tentativa ou voltaríamos, tendo já estourado o nosso tempo. Já eram aproximadamente 11h20min e nada de Fumacinha a vista!

Depois dessa parte difícil, a trilha continuou no leito do rio, não difícil, só lento como sempre.

As 11h40min, então, avistamos o afunilamento. De bem longe dava pra ver ela caindo. Eu juro que não acreditei. Já fazia mais de meia hora que eu tinha perdido completamente as esperanças. Eu ia sendo puxado pelo Paulo arrastando o meu psicológico morto pelas pernas. E daí quando eu vi a Fumacinha lá no fundo o psicológico ressuscitou.

Sesanção extrema de conquista com muito suor! - Fo praticamente inacreditável termos chegado aqui - Esse foi, pelo menos, o meu sentimento!  Aquele buraco ao fundo é a famosa Catedral da Fumacinha - ela está lá nos aguardando

O tempo tava completamente estourado, mas não tinha como parar ali, é óbvio.

Falei que ainda íamos demorar 30min pra chegar até a base dela, e foi quase isso. Continuamos, agora já querendo tirar um milhão de fotos daquela visão: estonteante, é claro. A gente já sabia que ia ser estonteante, e aquilo não decepciona de jeito nenhum.

Últimos passos dos castigados pés antes de chegar até sua base


No afunilamento final, havia uma subida de pedras inclinada que investimos. Eu tive a impressão que não era por ali mesmo, foi um pequeno erro final. Voltamos e reinvestimos no meio do leito do rio até que chegamos.

A chegada em Fumacinha é triunfal. Sim, eu fiquei arrepiado. Por tudo o passado até aquele momento, e por aquela chegada magnifica. Continuava chovendo, até pareceu que tinha começado a chover mais forte. Eu pensei que será que era ali o ponto fatal para tromba d’água? Mas até que não. Quase na base da fumacinha existe essa subida lateral esquerda que pode ser usada caso o rio suba. A parte fatal deve ser mais pra trás, mas eu não me lembro onde era, não consegui detectar essa parte.

Parte final da trilha - Muitas pedras e velocidade muito baixa.

Fumacinha descortinando de seu cantinho escondida

Incrível Fumacinha - é realmente emocionante vê-la diante dos olhos - Veja na foto o porquê do nome dela

Nos últimos 50metros, até chegar a base de fumacinha, tem uma passagem lateral por pedras que apresenta alguma pequena dificuldade, mas nada comparado ao vencido até ali. Só tira uns preciosos minutinhos mesmo. 


Eram 12h05min. 5h05min de trilha!!!!! Inacreditável! Eu achei que daria pra fazer em 3h30min, ou em 4h no pior dos casos - errei feio, errei rude! Com a natureza não se brinca! Fizemos num tempo limite relatado pela “literatura cachoeirística”. Nos relatos o que eu tinha visto era algo entre 4h e 5h. Fizemos nesse limite. Já estourados no que eu tinha calculado de tempo com margem de segurança. A margem já estava sendo gasta agora.

Fumacinha - A Intocável - saindo de seu poço, inóspito, hoje.

Foto tirada desde o meio do poço, olhando pra trás. Lugar indescrítivel .

Tirando Cartões postais

Fizemos tudo muito rápido. Tiramos muitas fotos. Fiquei só de sunga rápido e pulei naquela poçãozão inóspito, gelado, sem sol quase sempre e com uma pancada de água caindo. Não tive tempo pra sentir frio. Pulei sem acostumação primeiro. Cumprimentei a Fumacinha. Tentei me aproximar dela, mas ela não deixou. Forte, poderosa, imponente, estava brava. Cumprimentei-a de longe.

Fumacinha, a Intocável.





Eu estava radiante. Somando tudo do passeio: a dificuldade + a recompensa: aquilo era uma vitória e tanto. Depois recuamos os 50m pra comer algum lanche forte pra volta. 5h de ida e 5h de volta, pra ficar 40 minutinhos na cachoeira. Não é algo leve.

Registro da Fumacinha com vazão acima do normal - pancada de água

Fumacinha

Cumrpimentando Fumacinha

Avaliando o poço

O que tínhamos para o almoço? Um pão de sal e um tolosco de mortadela: huuuuuuuuuuuumn. Sr. Gourmet! DETONAMOS a mortadela. Comi uns biscoitos , tomamos muita água e….. 13h, bora!
Sabíamos que ia cansar, mas tinha que voltar!


Tirando foto antes de nadar

Guardando a imagem na memória

Experimentando esse desejado poço

Entrando com cautela

Registrando ...

Obrigado, Fumacinha
Começamos a volta no mesmo ritmo da ida. Forte. Depois de 100 metros, com quem é que encontramos? O grupo com o guia! Eu nem olhei pra cara dele, pra falar a verdade. Tomei antipatia. E senti assim como se a nossa chegada por conta própria fosse a nossa revanche pela não-simpatia que ele teve conosco. As vezes pode ser que eu esteja sendo injusto, mas essa foi a sensação. Os outros passaram. Achei bizarro ele estarem chegando à queda as 13h! Era muito tarde!!! Eles tinham começado no mesmo horário que nós. Se demoraram 6h pra voltar, mesmo que ficassem apenas 1minuto na cachoeira iam chegar as 19h em Baixão! Supondo que ficassem meia hora, que já é pouco la.. faça as contas da luz do sol!

Realmente não sei qual foi o truque do guia pra voltar. Talvez pararam menos na volta, sei lá. Sei que quando passou a menina, ultima do grupo eu perguntei: “vcs vão acampar aqui?” E ela respondeu “Não, vamos voltar pra Ibicoara”. Pensei num “boa sorte” mas não falei. Era certo que os ultimos quilômetros iam ser feito a noite, por eles. A ultima travessia do rio era bem no inicio da trilha. Não deve ser muito bom atravessá-lo de noite.

Mais 100 metros a frente, cruzamos com mais dois grupos! Um grupo de 3 caras, sendo que um parecia um guia mais experiente. Ele perguntou se havia outro guia a frente? Respondi que sim. Esse guia estava com a cara fechada, como se estivesse ali a contra-gosto. Ele falou “eu nem queria vir, mas eles insistiram” (se referindo a um casal de amigos logo atrás) “nós só vamos dar uma cuspida ali e voltamos. “ - fazendo referência ao tempo estouradíssimo e apertado, dando tempo suficiente apenas pra acenar pra Fumacinha e voltar.

De fato, chegar as 13h é um pouco pesado demais. (eu já achei pesado chegar as 12!)

Logo depois um grupo de mais 3 pessoas, a mulher me perguntou que horas eu tinha começado a trilha, parecia também um pouquinho preocupada. Mas pelo menos havia, no total, 10 pessoas na Fumacinha, mais nós 2, que estávamos voltando. Um número considerável para uma trilha pesada dessas, ainda mais em um dia chuvoso e fechado.

Lamentei um pouco pensando que poderia ter curtido mais tempo na cachoeira, se soubesse que havia 10 pessoas atrás de nós. Mas deu pra curtir relativamente bem (40 minutos lá). Voltamos num pé bom.

A volta pela pedra da agarra foi feita com muita cautela, mas não tivemos problemas em voltar. Tudo estava mais calmo agora. Só precisávamos fazer a última travessia do rio com luz do sol, o resto (2km e pouco) poderíamos fazer com lanterna, não tinha problema.

Voltamos bem, e praticamente sem erros. Chegamos à bifurcação Y novamente, demos uma breve paradinha ali naquela parte amena e plana. Comemos e bebemos rapidamente e continuamos.

Seguimos praticamente sem paradas. Algumas partes da trilha nós não lembrávamos direito onde tínhamos passado na ida. No poço anterior ao “poço da pedra rachada” fizemos uma passagem perigosa pela esquerda (e só depois nos lembramos que era pela direita). mas não aconteceu nenhum problema. Mais pro final da trilha o sol apareceu pela primeira vez e deu a breve gentileza de secar algumas pedras. Era MUITO melhor ir com as pedras secas, deu pra sentir. Pena que foi só no final.

Chegamos no poço da pedra rachada, gravamos e fotografamos a parte difícil, passamos com tranquilidade. Achamos a trilha à esquerda saindo do rio. Paulo desenhou setas sinalizando a trilha (muito mal sinalizada em quase toda a sua totalidade). Botamos as botas, andamos rápido já aí às 17h20min aproximadamente.

Finalmente chegamos à ultima travessia do rio. Tiramos as botas e percebemos que o rio estava significativamente mais alto, batendo na altura da cintura (na ida estava na altura das canelas). Penso que existe o risco de se ficar preso ali caso chova muito.

Mas passamos sem dificuldades. Depois disso, fizemos os 2km finais fáceis frente à um longo trecho de leito de rio. Andamos bem e terminamos à trilha exatamente as 18h já com o fim da luz do sol, chegando em Baixão.

Ainda chovia. Chegamos no escuro na vendinha ainda aberta naquele sabadão (fechava às 19h). Na vendinha havia uma senhora, um pai com o seu filho bebê em cima da mesa de sinuca jogada por ninguém e o dono da venda onde tínhamos comprado um biscoito de morango no dia anterior.

Pedi meio sem esperanças uma coca-cola. TEM. Gelada! Pedimos duas!

Nos sentamos no bar, abrimos o pacote de biscoito de morango e brindamos a coca-cola felizes. Pedimos informações de como chegar à Itaetê, praticamente sem energias, mas tínhamos que ir pra lá.

O bebê olhava pra nosso biscoito. Oferecemos um. A menina tinha algum problema com doces, não podia comer muito. O pai aceitou o biscoito, agradeceu, e disse ao bebê: “mas só esse, tá??”, e a criança comeu.

Agradecemos, saímos da venda no escuro total - em Baixão não há luzes na rua. Chegamos no carro, já tiramos as botas inutilizáveis quase como nossos pés, botamos os chinelos. Carro ligado e partimos pra Itaetê.


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Um agradecimento especial ao Paulo pelo apoio e muito positivismo que foi indispensável pro sucesso desta difícil trilha. Agradecimento tortuoso ao guia do grupo 1 também, que apesar da má vontade, acabou mostrando alguns trechos complicados de se achar passagem.

Obrigado Fumacinha, e até um dia!












Cachoeira Fumacinha
É estonteante. O que você leu sobre ela é verdade. Não tem a minima possibilidade de se decepcionar com a beleza desta cachoeira.

Inóspita, porém. Poço de dificil acesso e inóspito para entrar. Poço bem fundo. Em dias de chuva a queda fica muito forte.

Altura: 100m
Tamanho do Poço: 50m x 20m
Profundidade do Poço: Muito fundo
Vazão da queda:  forte!
Pulabilidade no Poço: Baixa. Não tem muita pedras altinhas no entorno pra se pular, apesar de o poço ser fundo.
Nadabilidade: Muito boa. Poço fundo gostoso e grande. Só é frio porque quase não bate sol.
Ficabilidade debaixo da queda: Não conseguimos chegar embaixo dela (muito forte).
Ficabilidade no Local: Média. É uma cachoeira inóspita e não tem muitos lugares pra se ficar por ali.
Capacidade: 10 pessoas.


Os Caçadores de Cachoeiras

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